1) Por que é correto dizer que o Fidalgo é uma personagem alegórica?
Pode-se dizer que o Fidalgo é uma personagem alegórica pois não representa um fidalgo específico, mas qualquer nobre que seja tirano e cometa outros pecados, como a luxúria e a vaidade. Assim como seu pai, o Fidalgo é condenado ao inferno, representando assim toda uma linhagem nobre e tirana de Portugal.
2) Qual a razão do Anjo para recusar entrada ao Fidalgo?
O Anjo recusa a entrada de Fidalgo à Barca da Glória com a justificativa de que não há espaço para seu manto e sua cadeira. Ambos elementos representam a nobreza tirana, cometedora de pecados e exploração dos pobres.
3) Por que o Diabo trata o Onzeneiro como "meu parente" ?
O Diabo trata o Onzeneiro como seu parente devido ao fato de ambos serem praticantes da ganância e por enganarem as pessoas. Além disso, o Onzeneiro é praticante da usúria, proibida pela Igreja e sendo, portanto, um pecado.
4) Que representa o Parvo, do ponto de vista social?
O Parvo é um bobo, representa o povo simples. Apesar da linguagem chula, ele vai para a barca da glória, pois tem a virtude da inocência, assim como no "Sermão da Montanha" (Novo testamento), os tolos ganham o reino dos céus.
5) Em que a representação do Judeu, no Auto da Barca do Inferno, revela a presença de preconceitos da época?
O Judeu é recusado nas duas barcas por não seguir ao cristianismo, não podendo ser julgado da mesma maneira que os demais. Além disso, é acusado pelo Parvo de desrespeitar a fé cristã.
A questão do Judeu na obra vincentina reflete o período da Inquisição, em que os judeus eram perseguidos. O personagem Judeu é forçado a ser acorrentado à barca do inferno, visto que fora recusado até mesmo pelo Diabo.
6) Faça uma análise da obra através dos personagens e suas insígneas. O que representam o que eles carregam?
A obra toda é uma grande alegoria que critica a posição das pessoas em relação a Igreja Católica. Seus personagens carregam características particulares: o Fidalgo traz consigo a cadeira e o manto, símbolos da nobreza tirana e que explorava aos mais pobres. O Onzeneiro carrega o saco de dinheiro vazio, representando sua avareza e ganância. Logo em seguida, somos apresentados ao Sapateiro, que traz com ele as formas de sapato com as quais enganava as pessoas. O Parvo não leva nada, e quando perguntam-no quem é ele, este afirma não ser ninguém, simbolizando a humildade. O Frade carrega uma espada, um escudo e um capacete, além de vir com sua mulher. Isso representa sua paixão pela vida e pelo esporte, além do falso moralismo religioso. Brízida Vaz traz seiscentos hímens postiços, representando a desmoralização da mulher e a falsidade, por enganar as pessoas. O Judeu vem com o bode, que representa o judaísmo. O personagem mostra-se desrespeitoso com a fé católica. O Corregedor e o Procurador vem com documentos, representando à corrupção das leis e a burocracia. O Enforcado representa o ladrão tolo, que foi manipulado. Ele traz a corda com que tentou se livrar de seus pecados, suicidando. Surgem, por último, quatro cavaleiros das Cruzadas, que vem cantando hinos cristãos e são aceitos imediatamente à Barca da Glória, por serem expansionistas da fé cristã.